No nosso último dia na Islândia
decidimos explorar a região de Reykholt, a norte de Reykjavik e a oeste de
Bogarnes. Estávamos tão perto da capital que resolvemos dormir fora da cidade e
explorar melhor o coração da Islândia e só depois, regressar a Reykjavik,
entregar o carro na
Procar.is e seguir para o aeroporto. Foi uma óptima
decisão.
Reykholt é uma região dominada
por relevos vulcânicos, mais ou menos recentes, com crateras, fumarolas,
termas, quedas de água e tubos de lava. De Bogarnes, a viagem é extremamente
rápida e Reykholt faz ainda parte da região de Bogarfjordur. Aqui, é possível
visitar um dos lugares de extracção de energia geotérmica que abastece Bogarnes,
Reykholt e as vilas circundantes.
A nossa primeira paragem foi em Deildartunguhver,
uma área com actividade vulcânica muito intensa, com fumarolas e várias nascentes
de água a ferver que salpicam os mais desatentos. Há inclusive a produção de
tomates em estufas aquecidas com o calor do interior da Terra, e, à bom
islandês, não há nenhum cobrador para receber o dinheiro; uma caixa com vários
sacos de quilo estão pousados em frente à estufa, as pessoas recolhem os
tomates e deixam o dinheiro na caixa de madeira para o pagamento; o preço está
escrito a caneta sobre os tomates. Assim se vive na Islândia.
Seguimos para
Reykholt,
onde deambulamos pela localidade em busca das nascentes de água quente de
Snorralaug,
possivelmente a estrutura feita pelo homem mais antiga da Islândia. A muito
custa lá a encontramos, uma pequena piscina circular mas cuja temperatura da
água deixava muito a desejar. Sendo assim, abdicamos do banho.
Em direcção a Húsavelt, ainda
paramos para ver duas quedas de água, as
Hraunfossa e as
Barnafoss.
Nenhuma tem a magnificência das quedas de Skogar, Detifoss ou Gullfoss mas vale
a pena espreitar.
Uma estrada de terra batida (518)
continua em direcção a Videlmir, e era para aí que nós nos dirigíamos.
Os fluxos de lava de Hallmundarhraun são dos maiores da Islândia e nós não
podíamos deixar de visitar esta paisagem. Tinha sido ela que nos tinha trazido
aqui. O nosso objectivo era ver estes longos tubos de lava e entrar dentro de
um, percorrendo um pouco do seu interior. Sabíamos que os tubos que estão
preservados se encontravam dentro de uma propriedade privada - Fljótstunga.
Contactamos os donos da quinta, uns jovens rapazes que agora gerem uma herdade
nas mãos da sua família há 5 gerações, e marcamos uma visita aos tubos. Quando
lá chegamos percebemos que também aqui poderíamos ter dormido porque eles
alugam quartos na quinta e também têm um espaço assombroso para acampar com
vista sobre os fluxos de lava.
A guia que nos levou era
fantástica, muito informativa e dinâmica. No percurso sobre o fluxo de lava
caminha-se sobre lavas encordoadas, paloé (típicas do Hawai), etc. É um
autêntico manual de vulcanologia. A guia explica-nos constantemente aquilo que
estamos a ver e como se formou.
Depois de caminhar cerca de 10
minutos alcança-se a entrada do tubo, uma cavidade vulcânica enorme para onde
se desce a partir de uma ponte de rocha suspensa sobre o tubo. Tudo o que ruiu
já o foi aconteceu há bastantes anos pelo que é bastante seguro circular no
interior do tubo. Entrar no tubo de lava é mesmo como entrar no cenário do “Viagem
ao centro da Terra”, do Júlio Verne, e para aqueles que leram o livro é
impossível não recordar os momentos descritos pelo autor.
E, nós lá entramos. Descemos para
o interior da Terra e entramos no tubo. Estranhamente é muito fácil progredir
no seu interior porque o tubo é largo e alto, e não há grandes blocos ou gelo
no interior. Há sempre lava solidificada em forma de corda na parte lateral do
tubo, junto ao chão, e também lava que parece quase fresca a pingar do tecto.
Apesar desta lava estar solidificada há mais de 300 anos, a forma vítrea como
está no tecto parece que solidificou há pouquíssimo tempo.
A visita dura cerca de 90 minutos
e é um deleite para todos os amantes da natureza, mas uma volúpia para os
geólogos e geógrafos. Apesar do percurso dentro do tubo não ser muito extenso,
vê-se muita diversidade de formações lávicas. Que lugar extraordinário para
terminar a nossa viagem.
Mas, estava mesmo na hora de
partir. Havia que regressar a Bogarnes e depois a Reykjavik para apanhar o
avião rumo à Gronelândia. Para trás deixamos um país que embora nos tenha
recebido de cara cinzenta e com chuva, nos deixou cheios de vontade de
regressar. Já sentados no aeroporto de Reykjavik combinávamos o inevitável:
temos que marcar o regresso.
Nome: Fljótstunga
Preço do tour: 2500 Ikr
Avaliação: *****