2º dia de trek: Convivendo com os gelos flutuantes no Blue Ice Camp


Embora a bonita povoação de Igaliku convidasse a que ficássemos por alguns dias, o nosso itinerário estava delineado e tínhamos de seguir caminho. À nossa frente, estava uma caminhada, ligando Igaliku ao Blue Ice Camp (nas margens do fiorde), de duração previsível de 4-5 horas, e menos exigente do que o do dia anterior. No entanto, seria feito com as mochilas, o que acrescentaria um grau de dificuldade considerável.

O nosso objectivo era alcançar o Blue Ice Camp, junto às águas do fiorde repletas de icebergues libertados pelo glaciar Qooqqup Semiat, onde montaríamos a tenda e passaríamos a noite. No dia seguinte, um barco viria buscar-nos, ao início da tarde, para nos levar para Qassiarsuk.




O dia em Igaliku amanheceu um pouco cinzento, e começamos a caminhar cerca das 8.30h, seguindo o percurso marcado por pintas vermelhas, junto ao bordo do fiorde de Igaliku. A paisagem era bonita, mas sem as cores proporcionadas pelo sol. Após chegarmos ao fundo do fiorde, encontrámos um curso de água e seguimo-lo. O peso das mochilas fazia-se sentir e seguíamos num ritmo um pouco lento, mas constante. No fim do curso de água, encontramos um lago com um nome pouco original, Lago 35, devido à sua altitude. Até aqui o percurso foi praticamente plano, e durou quase 2h.



Aqui descansamos um pouco e comemos um pedaço de chocolate. A seguir, iniciamos a subida por um vale que nos levaria à cota de 240 m, num planalto sobranceiro ao fiorde gelado. A subida não era muito íngreme, mas com as mochilas custou um bocado, apesar de ter sido rápida (40 min).



Já no planalto, alcançamos um miradouro, que já nos permitia ter vistas fantásticas dos icebergues e do glaciar ao fundo. Era perfeitamente visível um arco de icebergues, que na realidade estão encalhados numa moreia submergida. A maioria dos caminhantes faz o percurso apenas até aqui e depois regressa a Igaliku. Nós iríamos continuar, mas como estávamos com bom ritmo e tínhamos o dia todo pela frente, resolvemos parar e comer o almoço mesmo ali, cozinhando uma espécie de hot-dogs. Depois de comer, deitamo-nos um bocado a apreciar as vistas e o sol que começava a espreitar.



Mas estava na altura de continuar, e descer para o acampamento. A descida era vertiginosa, serpenteando pelas escarpas quase verticais, e tinha de ser feita com muito cuidado, pois com o peso das mochilas, um pé em falso poderia ser muito perigoso. Ainda assim, ao longo de descida, paramos muitas vezes para tirar fotos pois o sol começava a brilhar mais.




Quando chegamos à praia (sim, praia!) de areia grossa depositada pelo glaciar e pelo mar, seguimos as marcas até encontrarmos o abrigo da Blue Ice Camp, um abrigo pré-fabricado de alumínio que serve de abrigo de emergência no caso de muito mau tempo, junto ao qual montamos a nossa tenda, devidamente ancorada com pedras, não vá os ventos vindos do glaciar fazerem das suas. Descansamos um pouco deitados nos maravilhosos sacos cama Snow LeopardThe North Face, com isolamento Climashield, e depois fomos dar um passeio pela praia, pois o céu estava agora quase completamente limpo.

Os icebergues flutuantes e aqueles encalhados na praia davam um ar surreal à paisagem, acrescentando ao facto de estarmos completamente sós (estaríamos mais de 24h sem ver outra pessoa). Sem dúvida, um dos locais mais espectaculares onde alguma vez acampamos! Até recolhemos gelo da praia para derreter e fazer o chá, não das cinco, mas das oito.







Regressados à tenda, usamos algum do material do interior do abrigo para montar a mesa e cadeiras para o jantar, uma massa à bolonhesa (instantânea, claro, mas muito saborosa). Como o sol já se tinha escondido atrás de nuvens no horizonte, e o frio estava a intensificar-se, recolhemos à tenda. O céu estava a ficar bastante nublado e ameaçava chover… E choveu mesmo. Toda a noite! 



E por vezes com vento forte, que abanava a tenda, como que pondo à prova o material e a nossa montagem. Mas ambos se portaram bem, e de manhã, embora ainda chovesse (com pouca intensidade), apenas a capa exterior da tenda estava molhada. A paisagem é que já não parecia a mesma… Ainda bem que tínhamos aproveitado bem o dia anterior!



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