A auto-estrada das vias de comunicação de Veneza é o Grande
Canal, conhecido pelos venezianos como o Canalazzo,
o maior dos 177 canais que fluem através da cidade. Tem cerca de 4 km de comprimento,
30 a 70 m de largura e uma profundidade média de 4,5 m. As suas margens estão
semeadas de palácios de fachadas fabulosas, cobrindo um período histórico de
centenas de anos, hotéis de luxo, o Casino, mas também de prédios residenciais cujos
ocupantes desfrutam de uma vista privilegiada.
O movimento é constante, sendo as águas (apenas atravessadas
por 4 pontes) permanentemente cruzadas pelos
vaporetto, o sistema de transporte ao longo do canal, barcaças de
transporte de mercadorias e de recolha de lixo, gôndolas com turistas, assim
como lanchas de polícia, táxis e ambulâncias.
É possível percorrê-lo nos
vaporetto 1 ou 2, serpenteando, com uma dupla curva, entre
Piazzale Roma, o terminal de autocarros
da cidade, e a Praça de S. Marcos. Logo no início, passamos pela estação de
caminhos de ferro da cidade, com a igreja de
San Simeone Piccolo na outra margem, e a ponte de
Scalzi mais à frente.
A seguir, encontra-se na margem esquerda, logo a seguir à
paragem de
San Marcuola, o Casino de
Veneza, que está alojado no antigo palácio
Vendramin
Calergi. Mais à frente, do lado direito, o palácio
Ca’ Pesaro alberga hoje a Galeria de Arte Moderna e o Museu
Oriental, e logo a seguir, do lado esquerdo, o palácio mais famoso,
Ca’ d’Oro.
Entramos então no bairro de
Rialto, o mais antigo da cidade, com palácios agora ocupados por
instituições públicas de administração da cidade, e, claro, a famosa ponte
homónima, construída entre 1588 e 1591, e até 1854 a única maneira de cruzar o
canal a pé.
Segue-se
La Volta,
a contra-curva que o canal dá para a esquerda, e a parte sul do canal, passando pelo
Ca' Rezzonico, um dos mais esplêndidos da cidade e um dos poucos abertos ao público, chegando à zona onde se encontra
L’
Accademia, a maior colecção de pinturas da cidade, e após cruzar a bonita
ponte (homónima) de madeira, a Colecção Peggy Guggenheim de arte moderna,
alojada no
Palazzo Venier dei Leoni.
O troço final do canal é talvez o mais conhecido, com a
igreja de Santa Maria de la Salute e a sua famosa cúpula, na ponta de
Dogana,
na margem direita que acaba, e finalmente a Praça de S. Marcos, do lado esquerdo,
acabando o percurso com chave de ouro.
Independentemente do tipo de transporte que se use, do
sentido que se faça a viagem, e da hora do dia, este é um percurso que de
certeza o deslumbrará. Tal como um embaixador francês do final do século XV afirmou:
“É a rua mais bonita do mundo!”.E provavelmente continua a ser...