Já
Napoleão lhe chamava o “mais elegante salão de visitas da Europa”, e ainda hoje
a Praça de San Marco é um local
privilegiado para admirar as vistas, quer no que se refere aos fabulosos
monumentos que a rodeiam, quer no que toca ao desfile das máscaras mais bonitas
do Carnaval de Veneza.
No
extremo este da praça encontram-se a Basílica de San Marco e o Palácio dos Doge,
sedes dos poderes terreno e divino da cidade, intimamente ligados entre si. Era
da Basílica que o Doge recém-eleito
era apresentado à população que se juntava na praça, e era também aqui que eram
recebidos Papas, réis e diplomatas.
A Basílica é uma pérola da arquitectura
e da arte dos mosaicos. Mistura única de estilos de influência oriental e
ocidental, é um festim para os olhos. Os maravilhosos mosaicos nas cúpulas e
paredes mantêm-nos de cabeça erguida durante toda a visita, excepto quando os
mosaicos em mármore e vidro do pavimento nos atraem as atenções. É talvez uma
construção única que sobreviveu praticamente intacta durante os seus mais de 900
anos de idade, uma feliz consequência do facto de Veneza nunca ter sido
conquistada por um exército invasor, até Napoleão, já no século XIX.
Com uma
fachada inconfundível, de face para a praça e para as águas da lagoa, o Palazzo Ducale, que data do século XIV,
é uma jóia da arquitectura gótica e indissociável da imagem da cidade que todos
os visitantes, do passado e do presente, guardam na sua memória.
Uma visita
obrigatória, para ser feita devagar, de forma a degustar todos os pormenores. Subindo
a Scala d’Oro, entra-se num mundo de
luxo, de salões cheios de obras de arte, de aposentos com móveis refinados e
porcelanas antigas.
A Sala del Maggior
Consiglio arrebata-nos pela sua dimensão e pelas pinturas que decoram as
paredes e tecto, destacando-se a maior pintura do mundo, Paraíso, de
Tintoretto.
Passando pela Ponte dos Suspiros, seguimos o mesmo caminho que
aqueles que eram julgados e condenados faziam em direcção às prisões, no piso
térreo e subterrâneo.
No exterior, a loggia
com colunas abre-se para o pátio, onde a Escadaria dos Gigantes atrai as
atenções, com as suas imponentes estátuas de Marte e Neptuno, e onde, no seu
topo, era coroado o novo Doge.
Em frente, o Campanile de San Marco foi sempre um marco da cidade. Galileu, em
1609, fez do seu topo uma demonstração ao Doge
do poder do seu telescópio, recentemente inventado, e o toque dos seus sinos
alertava os habitantes da cidade para eventos importantes, tais como o início e
o fim da jornada diária de trabalho, execuções, e reuniões do Grande Conselho. A
primeira torre no local data de 1173, um farol para guiar os navegadores na
lagoa, mas a torre tal como a conhecemos data do início do século XVI, embora a
que existe hoje é de construção relativamente recente, depois da original ter
colapsado em 1902. No entanto, a torre foi reconstruída “onde estava e tal como
era”, e inaugurada em 1912. Hoje são milhares os turistas que a sobem de
elevador todos os dias, para apreciar as vistas sem paralelo da Praça de San Marco, da Basílica, e da ilha de San Giorgio Maggiore.
Junto
às águas da lagoa, encontram-se as Colunas de San Marco e de San Teodoro,
fruto do saque de Constantinopla, e encimadas por um leão com asas e uma
estátua de São Teodoro, respectivamente. O espaço entre as duas colunas foi,
até ao século XVIII, local de execuções, e ainda hoje os venezianos mais
supersticiosos não atravessam esse espaço.
No
extremo oeste da praça, na chamada Ala
Napoleonica, localiza-se a entrada para o Museo Correr e o Museo Archeologico,
onde se podem observar algumas das obras de arte mais importantes da cidade,
assim como mapas e livros relacionados com a história de Veneza.
E
quando estiver cansado de tanta cultura e monumentalidade, descanse na esplanada
de um dos cafés debaixo das arcadas à volta da praça. Mas prepare-se… O preço
de um café é uma pequena renda! Pudera, estamos naquela que é, provavelmente, a
praça mais bonita do mundo.